Supostamente aquela era uma janela pintada na parede, mas ele todos os dias a espiava para saber como estava o tempo. E, incrível, todos eram dias de sol. Um dia o proprietário do apartamento pintou a janela e ele jamais voltou a sorrir pelas manhãs antes de ir ao trabalho.
As lágrimas escorriam por meu rosto e eu, que acompanhava sua fuga, vista turva, comecei a gritar a plenos pulmões: Vá, corra, esta é sua chance. Ele já estava distante demais para que minhas palavras o alcançassem, mas isso pouco importava, não era para ele que eu gritava. Era para mim. Só que meus pés não percebiam isso.